domingo, 8 de novembro de 2015

E FEZ-SE A LUZ


E FEZ-SE A LUZ
Cau Barata - 2005


Aproveitando o evento que vem sendo divulgado pelo amigo, o arqueólogo Claudio Prado De Mello, referente à Exposição " ...E QUE VENHA A LUZ", uma contribuição do IPHARJ no ano internacional da luz, fui buscar um estudo iconográfico que fiz em 2005, que chamei "...E FEZ-SE A LUZ", divulgado em formatado em power point.

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Segue pequena efemérides sobre a iluminação da Cidade do Rio de Janeiro, elaborada em 2005, a fim de acrescentar maiores detalhes ao nosso curso de História e Formação Urbana da Cidade do Rio de Janeiro.

Atenciosamente,
Cau Barata
Rio, 2005 

SÉCULO XVIII
Candeeiro ou Vela


No período anterior ao Conde de Resende, Vice-Rei do Brasil de 1790 a 1801, com sede no Rio de Janeiro, a cidade do Rio de Janeiro não possuía sistema de iluminação oficial. Apenas à iniciativa particular se devia a instalação, nas esquinas, de oratórios rústicos, em cujos nichos se acendiam velas de cera ou mesmo candeeiros de azeite.

Quem quisesse andar nas ruas de noite – caso raro naqueles tempos em que se dormia à hora das galinhas – utilizava-se de archotes ou lanternas de mão, carregadas por escravos. [Roberto Macedo].


FINS DO SÉCULO XVIII
Iluminação Pública


Até fins do século XVIII, a iluminação do Rio de Janeiro consistia, unicamente, em oratórios murais, conforme se vê na imagem que segue, em que se ascendia o candeeiro de óleo de baleia ou uma vela de cera.


Foi na administração do Vice-Rei Conde de Rezende D. José Luís de Castro que se mandou colocar os primeiros candeeiros públicos, à custa do governo, na proporção de dois por logradouros, salvo nas ruas de maior movimento, onde se erigiram quatro. Funcionavam ´pr meio de azeite de peixe. De acende-los e apaga-los, às primeiras horas da noite e do dia, eram incumbidos escravos. [Roberto Macedo].

 NICHOS
Quando a noite desce e soam as Ave-Marias na torre das igrejas, vão se acendendo as luzes dos oratórios, nas esquinas. Na parte central, ruas há que mostram dois, três nichos. Saem eles dos cunhais das casas, dependurados em largos varões de ferro, todos em madeira, pintados de negro, engalanados de flores de papel e de pano, vistosos, amplos e envidraçados. Na parte superior, rompendo do ângulo da fachada junto à cimalha, avança um cegonho, de onde pende a lanterna de azeite.

Os oratórios de esquina são sempre de iniciativa particular. Em geral, pertencem ao morador do prédio onde repousam embora o azeite seja custeado em rateio pelos moradores mais vizinhos.

Inúmeros os que se espalham principalmente na parte mais próxima ao largo, onde se ergue a morada do Vice-Rei. Na esquina de Rosário e Quitanda, há um em louvor a Nossa Senhora da Abadia; no canto de Ourives com Assembléia está outro erguido a Nossa Senhora do Monte Serrate. O que fica entre Quitanda e Carmo é o de Nossa Senhora do Bonsucesso. Há mais o de Nossa Senhora das Barroquinhas, no Beco do Cotovelo; Nossa Senhora da Boa Morte, na Travessa D. Manuel; Nossa Senhora da Pureza, na Rua do Hospício; Nossa Senhora de Oliveira, na Rua Direita; Nossa Senhora dos Aflitos, na Rua da Alfândega; o da Fuga para o Egito, na Rua do Piolho; Nossa Senhora do Carmo da Guarda Velha; Nossa Senhora da Batalha, no Calabouço, para não citar mais.

Além desses, por vezes outros encontram-se encravados em muros, oratórios de pedra mais amplos, mais vistosos.
(Luiz Edmundo - O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis)

O que aparece na imagem abaixo, ficava na esquina da Rua da Alfândega e Regente Feijó, construído por volta de 1710 e, nos seus quase 200 anos de existência, foi demolido em 1906.





1817
Rua da Alfândega

Abaixo, belíssimas aquarelas de cerca de 1817, de autoria de outro grande mestre, Thomas Ender. A primeira, com um dos nossos antigos lampiões de iluminação a azeite, aceso, em uma das esquinas da rua da Alfândega.





Ainda, da lavra de Thomas Ender, de cerca de 1817, a iluminação pública, em postes isolados, ao lado do Chafariz do Mestre Valentim, na hoje Praça XV e na beira do cais, tendo à direita a importante rua da Misericórdia e, ao fundo, o Morro do Castelo.






Ainda cerca de 1817, a iluminação pública fixada nas paredes das edificações urbanas. No Campo dos Ciganos (hoje Praça Tiradentes), a iluminação necessária, à noite, para os que saíam do Real Teatro São João (hoje Teatro João Caetano).






Na rua de São Joaquim vemos duas luminárias fixas em um grande casarão, o que demonstra o cuidado que se tinha em iluminar as entradas deste prédio, por ser uma prisão (o Aljube), conforme se pode ver nas grades das janelas.





Na região do Estácio - antigo Arraial de Mataporcos, a iluminação sobre o portão de entrada do Quartel.




1820
Iluminação a Azeite


A aquarela abaixo, de cerca de 1820, de autoria do Mestre Jean Baptista Debret, nos oferece uma boa imagem da Iluminação Pública da Cidade, na primeira metade do século XIX, com sistemas herdados do século XVIII. Um lampião a “azeite de peixe”, segundo uma expressão da época, que foi utilizado até o advento do gás em 1854. Aos poucos foram sendo substituídos pelos lampiões à gás.





Percebe-se na gravura ilustrativa, o mecanismo utilizado para baixar o lampião a uma altura onde uma segunda pessoa o acenderia, caso estivesse por anoitecer, ou apagaria, logo pelo amanhecer.

Quando o sino começa a tanger trindades, vem um negro munido de largo recipiente contendo combustível e um molambo.

Antes de dar começo ao trabalho, antes de pejar o ventre da luminária exausta, faz o homem o sinal-da-cruz e uma reverência de mergulho à imagem do santo. Depois é que move a cordinha ensebada a fim de que desça a lanterna. E, enquanto ele a recebe, pousa sob o solo e a abastece de azeite, espicaçando-lhe a torcida, limpando com o molambo o vidro injuriado pela poeira de muitas horas, vão se congregando em torno os fiéis que por aí passam e que, cheios de piedade e de unção, ramalham rosários, batem no peito, rezam em voz alta, não raro tocando a fronte piedosa na terra fria.

(...) A lanterna suspende-se. Reza-se ainda mais um pouco. Depois o desempoeirar generalizado de joelhos, o reanimar agitado do trânsito, a dispersão da massa e as esquinas que quedam melancólicas, mostrando ao homem a luz que indica do alto, ao mesmo tempo, os caminhos da Terra e os caminhos do Céu.

(Luiz Edmundo - O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis)


1824
Tentativa de se Iluminar a Gás



Em 1824, dois ingleses Charles Grace e Willian Glegg Grower, tentaram estabelecer a iluminação a gás, na cidade. Assinaram um contrato com privilégio de vinte anos. Não teve execução.


1824
Tochas no Teatro

A imagem que segue data de cerca de 1824, uma gravura de Nicolas Edouard Lerouge, representando o então Imperial Teatro de S. Pedro (atual João Caetano) onde se percebe no segundo piso, logo acima do pórtico de entrada, com três arcos, as tochas ou luminárias presas às longas pilastras da ordem dórica, que sustentam no alto o frontão principal, arrematado entre eles, a arquitrave.





Outra imagem da fachada do Imperial Teatro de S. Pedro (atual João Caetano), também da década de 1820, não vemos mais as tochas, porém temos duas luminárias presas nos cunhais da edificação, com seus largos varões de ferro, que avançam sobre o logradouro, como se quisesse ampliar o seu campo de ação.





1833
CHAFARIZ DA CARIOCA

A imagem que segue data de cerca de 1833, uma gravura do antigo Chafariz da Carioca, de William Smythe, anterior ao que pouco depois foi construído pelo Arquiteto Grandjean de Montgny. Percebe-se, à esquerda do chafariz, na primeira coluna anexa à murada da rampa de acesso ao Convento de Santo Antonio, um antiga lampião, ainda do sistema de azeite. Há nele a mesma engrenagem que vimos acima, nas efemérides de 1820, com seu jogo de hastes, que possibilita abaixa-lo para que possa ser então aceso.




1835
PRAÇA TIRADENTES

A imagem seguinte, que data de cerca de 1835, de autoria do grande Jean Baptiste Debret, representa a antiga Praça da Constituição, atual praça Tiradentes, com o Pelourinho, no primeiro plano, no canto direito, e o Imperial Teatro S. Pedro (hoje João Caetano), adiante, quase no centro da imagem. Ao fundo, as torres da Igreja de São Francisco de Paula, no largo de São Francisco. No segundo sobrado, à esquerda da imagem, se vê preso à parede, um lampião, ainda no sistema de azeite, com as mesmas engrenagens das imagens de 1820, e 1833.




1840
CONVENTO DA AJUDA

Para o ano de 1840, percebe-se uma preocupação em espalhar postes de iluminação por toda a Cidade do Rio de Janeiro, sobretudo nos edifícios públicos, edifícios religiosos e lugares de maior concentração pública, como os chafarizes.

Segue uma imagem de 1840, do antigo Convento da Ajuda, erguido por volta de 1750, projeto do brigadeiro José Fernandes Pinto de Alpoim. Ficava defronte a atual Cinelândia. Diferentemente das imagens anteriores, onde sempre deparamos com os lampiões afixados nas paredes dos prédios, aqui vemos postes de luz, ainda em azeite, nas entradas principais do edifício.




Abaixo, outra magnífica imagem de 1840, uma gravura de o bairro das Laranjeiras, quase no seu limite com o do Cosme Velho, onde está a famosa Bica da Rainha, assim denominada porque teria sido frequentada pela Rainha de Portugal D. Maria I. Ainda existe no mesmo local, à rua do Cosme Velho número 109. Justamente no bico da curva, bem defronte a fonte, está um poste de luz, ainda no sistema de iluminação em azeite.







1840
Nova tentativa da iluminação a Gás

No mesmo ano de 1840 assinou-se novo contrato para estabelecer a iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro, com John George Yung, com privilégio de cinqüenta anos. Também não teve execução. 

1845
Chafariz do Mestre Valentim

Nesta gravura de 1845, do Largo do Carmo, atual Praça XV de Novembro, pode-se ver o famoso Chafariz do Mestre Valentim, que tinha a finalidade de abastecer a população e as embarcações que ali aportavam. Erguido em 178. Vemos, à direita do chafariz, um daqueles típicos lampiões, com suas engrenagens que permite abaixá-lo para que possa ser aceso.


1851
Iluminação a Gás

Regula a matéria referente a Iluminação a gaz da Cidade do Rio de Janeiro, o contrato celebrado em 11 de Março de 1851, que foi renovado pelo ato de 13.10.1854.


1854
Companhia de Gás

Somente em 1854 foi a cidade dotada da iluminação a gás, graças ao Barão de Mauá. Seu prédio principal, ainda existente, ficava no Aterrado, hoje Avenida Presidente Vargas. Empresário, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá; e engenheiro, Willam Bragge.


No dia 25 de Março de 1854, conduzido através de 20 quilômetros de encanamentos, o gás ia iluminar os primeiros combustores da cidade do Rio de Janeiro: Praça XV, Ruas 1.º de Março, Ouvidor, Rosário, Hospício, Alfândega, general Câmara e São Pedro. Dois meses depois, estava beneficiado todo o centro e as filas de lampiões se estendiam até ao próprio Mangue.


A gravura abaixo retrata a Fábrica de Gás, no antigo Caminho do Aterrado, concebida pelo varão de Mauá na década de 50 para introduzir a iluminação a gás na cidade, em substituição à queima de azeite. A Usina passou para mãos estrangeiras a partir de 1865.





Além do incêndio que da Fábrica em 1889, sofreu sucessivas reformas que lhe modificaram a fachada. Mantém ainda a torre original com relógio. Em 1969, já sob o controle do estado, passou a chamar Companhia Estadual de Gás.

O prédio ainda existe – Avenida Presidente Vargas 2.610, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1990.

Na magnífica gravura abaixo, que também data de 1854, feita por Jacttet, temos uma visão do antigo belvedere que se construiu no passeio público, para que os visitantes pudessem admirar a bela paisagem marinha da baía de Guanabara. No fundo, um dos dois pavilhões ali construídos, onde ficavam expostas as belas aquarelas ovais de Leandro Joaquim. Na murada próxima ao pavilhão, uma seqüência de postes de iluminação, talvez já no sistema de Globe-Gaz.



1860
LARGO DO CARMO

Outra bela imagem do Largo do Carmo, hoje Praça XV de Novembro, de 1861, litografado pelo esplêndido Victor Frond. À direita, no canto da imagem, um posto de iluminação, já no sistema de iluminação Globe Gáz, e que ficava muito próximo ao Chafariz do Mestre de Valentim, que vimos na imagem do ano de 1845. Ao fundo, da direita para esquerda, as Igrejas da Ordem Terceira do Carmo e a então Igreja Catedral (do Monte do Carmo). No primeiro plano, à esquerda, a fachada principal do Paço Imperial.



1865
PAÇO IMPERIAL
Outro grande projeto do Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim – o Paço Imperial, erguido por volta de 1745, para servir de Casa do Governador, então Gomes Freire de Andrade. Nesta fotografia de Vedani, de 1865, vemos um corredor de Postes de Iluminação, na fachada do Paço Imperial, voltada para o Largo do Paço, hoje Praça XV de Novembro.




1870
Orçamento para a Iluminação

Em 1870, o serviço de iluminação pública continuava a ser feito por 5.036 combustores, em nada mudando com relação ao ano anterior, não obstante as reclamações dirigidas ao governo imperial, tanto pelas autoridades policiais, como pelos moradores das localidades, em razão da elevada despesa, que este ramo do serviço público exigia, principalmente nas circunstancias daquela época, em que a baixa de cambio aumentava sensivelmente os sacrifícios do Tesouro Nacional.

A despesa com este serviço orçou no ano de 1870 em 818:695$558, sendo:
Com illuminaçao das praças e ruas da cidade: 811:025$419
Com a do jardim do Passeio Público................... 2:376$418
Com a do jardim da praça da Constituição........ .1:558$943
Com a remoção de combustores......................... 2:391$500


Iluminação a azeite

Embora a Cidade se modernizasse com a instalação da Iluminação a Gaz, o processo de iluminação a azeite de peixe não morreu logo que se inaugurou a iluminação a gás, e ainda no ano de 1870 continuava-se a fazer-se este serviço de Iluminação a azeite pelo sistema de administração.

Os lampiões empregados neste sistema eram em número de 169.

Durante o ano de 1869 despendeu-se com este serviço a quantia de 14:623$185, sendo 7:587$013 com o vencimento do pessoal dele encarregado, e 7:036$182 com o consumo de azeite e outros objetos. Em 1870, a despesa para cada lampião era cerca de 96$ por ano.

1873
Insuficiência de Iluminação

No ano de 1873 o serviço de iluminação pública a gaz ainda não satisfazia às necessidades da população da Cidade do Rio de Janeiro, apesar de já existirem 5.121 combustores. 

A insuficiência da intensidade da luz exigida no contrato que regia este serviço, as excessivas distancias que os combustores ficavam entre si ainda em algumas das ruas de maior transito, e, finalmente, a falta absoluta de iluminação em outras, situadas nos bairros suburbanos, vinha provocando reclamações dos particulares e até de algumas autoridades.

O governo conquanto reconhecia os defeitos e lacunas existentes, limitava-se a atender às solicitações mais urgentes, para não aumentar a despeza, já muito avultada, que exigia este serviço.

Neste ano de 1873, achava-se terminado o assentamento das linhas de tubos de grande diâmetro destinados a reforçara iluminação dos bairros do Catete, Botafogo e S. Clemente, e anunciava-se que em breve começaria a ser estabelecidanova linha de tubos de 0m,5 de diâmetro desde a fábrica até a rua Primeiro de Março, afim de ser também  reforçada a iluminação desta parte da cidade.

1874
Inspetoria Geral de Iluminação Pública

Por Portaria de 30 de Maio de 1874, foi nomeada uma comissão, composta dos Drs. Epifânio de Souza Pitanga, Luiz Augusto Monteiro de Barros e Augusto Paulino Limpo de Abreu, para examinar o serviço de Iluminação Pública da Cidade do Rio de Janeiro, e formular as bases de um novo contrato, tendo em consideração o aumento de intensidade de luz e diminuição do seu preço. Nascia a Inspetoria Geral de Iluminação Pública.

A 20 de Novembro de 1874 a comissão apresentou seu relatório, acompanhado das bases que lhe pareceram aceitáveis, para o novo contrato. Na conclusão deste relatório exprimiu-se ela nos seguintes termos: 

Offerecemos bases para orgasnizar-se uma epreza que, tirando um lucro vantajoso de seus capitães, D~e ao  habitante da corte luz de optima qualidade por preço razoável, sem motivar, entratanto, o queixume da população, que até uma certa época teve seu fundamento na insufficiencia da producção do gaz para abastecimento da grande área de illuminação, e encontrou uma justificação no estado dos apparelhos de purificação, felizmente quase completamente reconstruídos pela actual gerencia da companhia.”

Finalmente, neste ano de 1874 a Companhia de Iluminação a Gaz diluiu 34.297,94 toneladas métricas de carvão para produção do gaz consumido na cidade.  A iluminação pública despendeu por sua parte 1.848,966 metros cúbicos do gaz produzido pela fábrica.


Iluminação a azeite

Neste ano de 1874, o serviço de Iluminação a Azeite, que ainda funcionava, compreendia 9 distritos da cidade e 519 combustores, e, apesar dos embaraços que lhe eram inerentes, foi executado com regularidade.

1875
Anuncio



1876
O Gaz-Globo (Globe Gaz)

Por contrato celebrado em 18 de novembro de 1876, entre o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e o empresário Cláudio José da Silva, obrigou-se este a iluminar por 5 anos os subúrbios da capital, mediante o emprego do sistema Gaz-Globo extraído do óleo de hafta, colocando combustores apropriados, em substituição dos 633 lampiões existentes na iluminação a azeite; e bem assim a aumentar a área de iluminação, que em 31 de dezembro de 1876 era de 37 kilometros, conforme determinar o Governo Imperial. 

O poder iluminante médio, tomado na fábrica no ano de 1876, foi de 9,95 velas de espermacete das que queimam 7,8 gramas por hora; e, segundo às observações fotométricas efetuadas no escritório do fiscal do governo, de 9,29; donde se infere que a chama dos combustrores se manteve acima da mínima intensidade exigida pelo contrato. 

Colocaram-se no ano de 1876 11.923 metros de canos de ferro fundido de diversos diâmetros; uns para reforçarem os que seram insuficientes ao suprimento do gaz, outros para leva-lo a diversos pontos. 


1877 
Iluminação dos Subúrbios 


Em 23 de setembro de 1877, foi inaugurado o serviço de iluminação dos subúrbios carioca, mediante o emprego do sistema Gaz-Globo extraído do óleo de hafta, com 633 combustores, conforme havia sido contratado  com o empresário Cláudio José da Silva. 

O serviço da iluminação a Gaz-Globo ou Globe Gaz, naquele ano de 1877, compreendia 11 distritos, divididos em 36 seções, tendo um pessoal de 11 guardas, servindo um de fiel, 36 acendedores e dois serventes. 

Enquanto isso, no mesmo ano de 1877, a Antonio da Costa Ferreira Mondego & Cia., anunciava a importação, por conta própria, de lampiões, querosene e tudo o que pertence a iluminação. 

Também a empresa Ribeiro Chaves & Cia, anunciava a venda de produtos para a Iluminação a Giorno, para festejos públicos e particulares, copos de cores, lanternas, venezianas, desde 300 réis à dúzia: 


1878
Propaganda do Gaz-Globo

Segundo Relatório de 31 de dezembro de 1878, a iluminação dos subúrbios carioca, no sistema Gaz-Globo, havia alcançado a marca de1128 combustores. 

Em fins de 1879, os empresários H. Guimarães & Silva, anunciavam o seu valioso produdo: 


  • Este systema de illuminação, actualmente adoptado em grande numero de cidades dos Estados-Unidos, tem ocorrido vantajosamente com o gaz corrente, e muitas pessoas lhe têm dado a preferência, em razão das seguintes vantagens que o GAZ-GLOBO proporcionou ao consumidor:
  • Não depender de encanamentos nem de obras;
  • Não estar sujeito á oscillação de câmbios ou enganos na marcação dos relógios reguladores;
  • Estar prompto em todas as horas;
  • Ter mais força e brilho que o gaz corrente; 
  • O Governo Imperial contratou a illuminação dos subúrbios da Corte por este novo systema, que já funcciona em número superior a 1.100 combustores, em uma área de 40 kilómetros.  
  • A estrada de ferro D. Pedro II tem todas as suas estações já illuminadas a GAZ-GLOBO. As cidades do interior, como S. João do Príncipe, Mar de Hespanha, Nova-Friburgo, Rezende,Barra Mansa, Parahyba do Sul, Macahé, Pindamonhangaba, Sorocaba e outras muitas, adoptarão o GAZ-GLOBO para illuminação pública, com reconhecida vantagem ao de kerosene, que usavão.

  •  ATTENÇÃO
Previne-se ao respeitável público desta praça, assim como do interior, e especialmente aos Srs. Fazendeiros, que não confundão os nossos apparelhos para o GAZ-GLOBO com os que actualmente se vendem sob o nome de Novo-Gaz e outros, cujo liquido empregado é a GAZOLINA, matéria excessivamente explosiva, produzindo uma luz muito inferior e que não offerece as mesmas vantagens e garantias do GAZ-GLOBO.

Iluminação a azeite
Neste ano de 1878, a iluminação dos subúrbios cariocas era ainda a azeite.

 
1879
ILUMINAÇÃO ELÉTRICA

Data de fevereiro de 1879, a primeira experiência realizada, para dotar a cidade de iluminação elétrica, fato ocorrido na atual estação férrea D. Pedro II (atual Estação da Central do Brasil).
Nesse mesmo ano, foi realizada nova tentativa, nas oficinas do Jornal do Comércio.

1880
O USO DO GLOBO-GÁS

Em fins de 1880, os empresários H. Guimarães & Silva, esclareciam o processo do uso do Gaz-Globo:
A substancia empregada para o fabrico do Gaz-Globo é o Naphta com o qual enche-se o reservatório collocado na parte exterior do lampeão; d´ahi desce para o interior por um tubo munido de torneira e na extremidade encontra-se o apparelho que gera o gaz.
O processo para formar o Gaz-Globo é simples; o calor dispõe o gazometro a receber o Naphhta, que em sua passagem se converte em vapor, o art atmospherico, entrando no apparelho por dous pequenos orifícios, converte esse vapor em um gaz igual, senão superior no brilho e na qualidfade, ao Gaz de Carvão.
A chamma é regulada por uma torneira, situadfa na extremidade superior do bico, que se gradua a capricho, dando uma luz clara, brilhante e intensa. Um litro de Naphtha é suficiente para 18 horas, dando uma chamma de intensidade de 14 velas, podendo essa qualidade durar mais tempo reduzindo-se a força da luz.
O Baphta é líquido especialmente tratado para funccionar unicamente em nossos apparelhos. É necessário não confundir com a Gazolina, preparação muito semelhante. Qualquer outro líquido, a não ser o Naphtha, não pode produzir gaz nestes aparelhos. Este gaz não dá fumaça nem cheiro, quando o apparelho funcciona bem.

1882
Em 30 de Junho de 1882, foi renovado o contrato com o empresário Cláudio José da Silva, obrigando-se a continuar o trabalho de iluminação dos subúrbios do Rio de Janeiro.
Segundo Relatório de 1883, a iluminação dos subúrbios carioca, no sistema Gaz-Globo, havia alcançado a marca de 1879 combustores.

1883
Segundo Relatório de 1883, a iluminação dos subúrbios carioca, no sistema Gaz-Globo, havia alcançado a marca de 2068 combustores.

1884
PAÇO IMPERIAL À LUZ ELÉTRICA

Em 7 de abril de 1884, foi feita a instalação elétrica no Paço Imperial.
No mesmo ano de 1884, já havia cocorrência entre os empresários no ramo de iluminação. A Companhia de Luz Elétrica do Brush Clevenand Ohio, sediada nos Estadus Unidos, havia estabelecido um agente na Cidade do Rio de Janeiro, Peter Kurezyn. Esta companhia fazia orçamentos para iluminação de cidades, fábricas, estabelecimentos particulares e fornecia os aparelhos precisos como máquinas dínamo-elétricas, lâmpadas, carbonos, reguladores automáticos e baterias ou pilhas para o depósito de eletricidade.

1883
Segundo Relatório de 1883, a iluminação dos subúrbios carioca, no sistema Gaz-Globo, havia alcançado a marca de 2359 combustores.

1887
Companhia Força e Luz
Foi em 1887, que formou-se no Rio de Janeiro, a Companhia Força e Luz, constituída com capitais belgas, e que se propunha a iluminar as ruas da cidade, pelo sistema de acumuladores, método já idealizado pelo belga Edmund Julien.

Seus fins eram a aquisição e exploração dos privilégios obtidos no Brasil e na Argentina por Edmund Julien para a força motriz e luz por meio da eletricidade.

As venda dos aparelhos despertou grande curiosidade popular, sendo vendidos os primeiros, aos jornais: Gazeta de Notícias, Jornal do Commercio, O País, e ao teatro Lucinda


Foi experimentado também um sistema pouco econômico, acabou caindo em desuso, sendo finalmente abolido definitivamente.


1894
RUA FREI CANECA

Uma bela fotografia do Café Bilhar, na antiquíssima rua Frei Caneca, com um dos seus antigos lampiões de parede, estrategicamente posicionado na esquina. 




1906
AVENIDA CENTRAL

Somente em 1.º de Janeiro de 1906, surgiu a iluminação na via pública, na recém aberta Avenida Central (hoje a festejada centenária Avenida Rio Branco), que foi iluminada de ponta a ponta. A iluminação elétrica foi feita pela firma Braconnott & Irmãos, que fora contratada pela Société Anonyme du Gaz. 

Segue as propostas apresentadas para os desenhos (design) dos postos de iluminação da Avenida Central: 



Para executar o serviço a Braconnott instalou uma pequena usina termelétrica na Rua da Alfândega. Finalmente, uma imagem da Avenida Central (Rio Branco), já com o seu poste de iluminação, de acordo com a primeira figura: 




1907
A RESISTÊNCIA

Ainda em 1907, resistiam os antigos lamíões públicos, presos às paredes dos edifícios. Aqui, dois deles, um fixado em um dos sobrados do Beco de João Batista, nas proximidades do Largo de Santa Rita; e o outro na Rua Buenos Aires. Fotografias que datam de 1907. 

Iluminação Pública – 1907




Beco de João Batista

1911
Light and Power


Em 1911, foi instalada na Avenida Passos, no local da antiga Companhia Carris Urbanos de bondes puxados a burro, a Light and Power – Companhia de Força e Luz do Rio de Janeiro.

Pouco antes, em 1907, seu organizador Sir Alexandre Mackenzie e o prefeito Francisco de Souza Aguiar, firmaram oi contrato de eletrificação das linhas de bonde, com exceção das linhas do Jardim Botânico, e instalar a energia elétrica da cidade. A primeira usina construída pela Light, foi a de São Marcos. 


1915-1945
UMA LUZ NA ESCURIDÃO

O Teatro Municipal iluminado à noite por volta de 1915



A Praça Paris iluminada à noite por volta de 1945


Finalmente, segue o link de dois vídeos que fiz em 2013 e 2014:


Rio de Janeiro a Noite (1906-1945) - Parte I:

Rio de Janeiro a Noite (1906-1945) - Parte II:
https://www.youtube.com/watch?v=maEEaxTlbi8