segunda-feira, 27 de junho de 2011

Rua Primeiro de Março - 1875

Rua Primeiro de Março – 1875
Pequenas pranchas ilustrativas, referente aos moradores no primeiro quarteirão da Rua Primeiro de Março, em 1875. Aos poucos, colocarei os demais quarteirões.
Cau Barata


 
 
 
 
 
 
 

BOTAFOGO - Rua São Clemente 388 para Christian Edward Cyril Lynch

Christian Edward Cyril Lynch - Rua São Clemente 388.  Antiga chácara da minha família (Sir Henry Lynch), depois Embaixada dos Estados Unidos, hoje Escola Corcovado. Foto da minha família, tanto pelo lado de pai quanto de mãe (são primos). 1914. As crianças são todas meus tios-avós. A foto é justamente do endereço...
A"matriarca" é Adèle Gosling Lynch (1843-1925), minha trisavó, a época já viúva, sentada ao lado do filho do meio, que ficou solteiro, meu tio bisavô Sir Henry Joseph Lynch (1878-1958), que era industrial, cavaleiro do Império Britânico e representante dos Rotschilds junto ao governo

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Prezado Christian,
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Vamos mapear a genealogia do lote 388, da rua São Clemente.

Poderia recuar o estudo até o século XVI, pois tenho toda a documentação sobre o seu histórico, levantada no decorrer dos últimos vinte cinco anos, para compor um dos volumes da “Enciclopédia Histórica do Rio de Janeiro” que vinha e ainda hoje continuo escrevendo. São mais de 20 mil páginas, divididas em 15 tomos temáticos, elaborados desde 1985. É dela que venho tirando, emprestado, algumas notas, para colocar nas cinco páginas que acabei formando no facebook.
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No entanto, preferi recuar ao final do século XVIII, na passagem para a centúria seguinte, o histórico do terreno que você me perguntou, acompanhado daquela belíssima fotografia que, embora não tenha alguma indicação ou legenda, acredito estar (estarmos) diante, justamente, da sua família Lynch, já que, na década de XX, deste século XX, ali residia Adelaide (Adéle) Augusta Teresa Lynch, nascida por volta de 1907, na Inglaterra, e falecida em 2002, no Rio de Janeiro. Era filha de Edmundo Lionel Lynch (1869-1944) - Cavaleiro da Ordem de S. Gregório, condecoração que recebeu em virtude de ter sido o responsável pela organização e o levantamento financeiro para criar o Colégio Pio Brasileiro, em Roma -, e de Dona Chiquita, Francisca de Paula de Mesquita (1881-1982).
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Estas terras, as quais chamei de “Chácara dos Lírios”, depois de sucessivos desmembramentos, e escrituras de compra e venda, foram adquiridas, no ano de 1800, por compra que fez Custódio Moreira Lírio. Tinha, por ocasião da transação, 200 braças de testada para o Caminho de São Clemente e fundos até as vertentes do morro.
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Para que você tenha uma idéia do tamanho desta propriedade, na qual vai ser erguido o Palacete Lynch (número 388), sugriram em suas terras, os seguintes logradouros: rua Alfredo Chaves, rua Barão de São Clemente (rua Icatu, rua Sarapuí), Largo dos Leões (rua Mário de Andrade, rua Mário Perdeneiras.
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Custódio Moreira Lírio, nasceu na freguesia de São Cristóvão de Refoios, no Porto, Portugal, em 1744, e faleceu no Rio de Janeiro, a 24 de fevereiro de 1824. Era irmão do Coronel e Comendador Manuel Moreira Lírio, homem influente na cidade do Rio de Janeiro, provedor da Santa Casa de Misericórdia, de 1825 a 1826, e filhos de Manuel Francisco Lírio e de Bernarda Moreira. Custódio, em 1806, foi admitido no quadro da Santa Casa de Misericórdia, onde exerceu importantes cargos. Casou no Rio de Janeiro,  e teve nove filhos, entre eles, Antonio e José Moreira Lírio, que foram herdeiros de algumas de suas propriedades, uma delas na praia de Botafogo.
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1808 - Lote V
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A partir de 1808, data que marca a chegada da Família Real Portuguesa, e da abertura dos portos às nações amigas, Custódio Moreira Lírio, percebendo a necessidade de moradias na nova Corte, e a busca por valiosos terrenos, deu princípio ao loteamento de sua grande chácara, que ficava localizada no trecho final da rua São Clemente, parte dela entrando em terras onde hoje está assentado o largo dos Leões.
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Foram àquelas 200 braças de testada da Chácara dos Lírios dividida em cinco grandes lotes, entre eles, o Lote V, que representava uma porção de 84 braças de testada para o Caminho de São Clemente. Este terreno, que será subdividido em tres Casas – 88, 86 e 84, foi comprado, em 1814, por Sebastião Luiz Viana, que alí estabeleceu a nova Chácara do Viana. O Sargento Mor Sebastião Luiz Viana, faleceu antes de dezembro de 1834. Foi casado com Teresa de Jesus Viana.


1830c - Lote V-2
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Foi esta propriedade, ainda em vida de Sebastião Viana, dividida em tres grandes lotes, fazendo parte do nosso estudo, o de número V 2, que vai originar, justamente, a Casa 86, como veremos adiante. Foi esta propriedade remanescente, que ficou na mão da família Viana, ou seja, com a viúva, Teresa de Jesus Valente Viana e as suas filhas herdeiras, Úrsula Maria das Virgens Valente e Antonia das Virgens Valente, que ali ainda encontravam-se em 1834.
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Bem poderiam estar os Vianas, junto aos Lynch, naquela foto que você nos brindou. Se, possível fosse, revelar em uma fotografia, o espírito daqueles que lhe antecederam, naquele terreno número 388, da Rua São Clemente, de um lado veríamos a família Lírio, de 1800 e, do outro, a família Viana, de 1814 – duas das antigas proprietárias das terras que no século XX, pertenciam aos Lynch.


LINHA DE SUCESSÃO
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A filha herdeira, Antonia das Virgens Valente, foi casada com Custódio Cardoso Fontes que tornou-se o novo proprietário desta chácara. Custódio Cardoso Fontes, feitor conferente da Alfândega do Rio de Janeiro, em 1847, tinha negócios na Rua da Cadeia, hoje rua da Assembléia. Cavaleiro da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro, faleceu no Rio de Janeiro, a 6 de outubro de 1852.
Sua viúva, vendeu a propriedade para Joaquim José de Castro Araújo Sampaio, que a repassou, por herança, para Manuel José da Cunha Osório que, em 1870, informa ter sido seu herdeiro. Joaquim José de Castro Araújo Sampaio, parece não ter sido casado e, em 1855, havia sido testemunho do casamento de Manuel Osório com Antonia Rosa de Azevedo.


NÚMERO 86
Esta chácara tinha fundos até as Laranjeiras, medindo 94 metros de frente. Já, nesta ocasião, o antigo Lote V-2, atendia pelo número 86, da rua de São Clemente.
A partir de 1850, estas terras foram desmembradas pelos herdeiros de Osório, e vendidas a terceiros, consequentemente, foram criados vários lotes intermediários que receberam novas numerações.
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NÚMERO 152
Em 1874, as chácaras da rua São Clemente, entre os antidos números 84 e 94, que formava a antiga Chácara dos Lírios, tinham nova congifuração e novos proprietários.
A antiga Casa 86, de Manuel José da Cunha Osório, foi desmembrada em pequenos lotes (pequeno, comparado ao que era) e, a casa 86, agora responde pelo número 152, que permenaceu em mãos do antigo proprietário - Cunha Osório – enquanto os outros foram vendidos. Nesta ocasião, tratava-se de uma casa térrea, ou seja, de um só pavimento.
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NÚMERO 142 e 144
Entre 1875-1879, a propriedade restante, em mãos dos Cunha Osório, antiga chácara dos Viana e, mais remotamente dos Lírios, foi dividida em dois lotes e, o antigo número 152, recebeu os novos números 142 e 144.


NÚMERO 156
No ano de 1892, esta propriedade ainda pertencia aos Cunha Osório, cabendo ao antigo número 144, o terreno correspondente ao que vai formar, mais adiante, o Palacete Lynch, da rua São Clemente, núumero 388. No entanto, em fins do século XX, o terreno encontrava-se em mãos de Manuel José da Cunha Osório Júnior, filho daquele outro, e agora respondia pelo número 156.
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NÚMERO 388
Finalmente, a antiga Casa 156, de 1892 – que foi dos Cunha Osório; antes número 144, que foi dos Cunha Osório; antes número 152, que foi dos Cunha Osório; antes número 86, que foi de Joaquim José de Castro Araújo Sampaio; antes Lote V-2, que foi de Sebastião Luiz Viana; antes Lote V, que foi de Custódio Moreira Lírio = corresponde, hoje, ao número 388 que, em 1925, estava em nome de Adele Augusta Teresa Lynch. Nela, mais adiante, será instalada a Embaixada dos Estados Unidos.
Adéle Lynch, conforme já foi dito, aparece como responsável por esta propriedade, em 1925, talvez representando seus sete irmãos mais novos, entre eles, seu avô (de ChristianEdward Joseph Lynch, nascido no Rio de Janeiro, a 23.04.1908, onde faleceu por volta de 1980.


O lote vizinho, de número 380, antiga chácara 154, também foi propriedade dos Lynch e, depois, pertenceu a
 Celso da Rocha Miranda.


Na união das propriedade  números 380, 388 e 398, foi instalada a Embaixada dos Estados Unidos da América do Norte que, em 1940, atendia pelo telefone 26-4293.


Em 1973, muda para o número 388, da Rua São Clemente, a Sociedade Escolar e Beneficente Corcovado, mais conhecida como Escola Corcovado. Em 1982, a Escola adquire o terreno de Botafogo, e atendia pelos telefones: 226-8841 / 266-3264 / 266-7619.

Atenciosamente,
Cau Barata

JARDIM BOTÂNICO - Da Bica à J. Carlos – para Oscar Henrique

Oscar Henrique - Gostaria de colocar fotos da casa do meu avô no Jardim Botânico, é possível? abs

Oscar Henrique - Casa do meu avô J.Carlos demolida no final
de década de 60 inicio de 70 onde hoje existe um prédio situado
na esquina da Rua Jardim Botânico com a Rua J.Carlos. Abs

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JARDIM BOTÂNICO - Da Bica à J. Carlos – para Oscar Henrique

Ao abrir a página do face “Rio de Janeiro: onde morava meu antepassado””, tive a grata surpresa de ver a belíssima fotografia da Casa onde morou o grande artista J. Carlos, na rua Jardfim Botânico, esquina com a rua que hoje lhe homenageia.
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Não pude me conter, e pensei em escrever algumas linhas sobre a localidade onde foi erguida àquela residência.

1702-1808 - Em época anterior à chegada da Corte Portuguesa – ano de 1808 – podemos dizer que J. Carlos estaria morando nas terras do Capitão Rodrigo de Freitas Castro, natural de Portugal, e proprietário de todas terras ao redor da lagoa que hoje tem seu nome: Rodrigo de Freitas. Homem nascido por volta de 1670 e proprietártio da Lagoa - a partir de 1702, depois de viúvo, deixou o Brasil, cerca de 1717, e foi viver recluso, em Portugal. Não se desfizera da propriedade, que ficara, desde então, até o mencionado ano de 1808, em mãos de administradores.
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Com a chegada da corte de D. João, e a desapropriação das referidas terras e lagoa, para nelas se erguer uma Fábrica de Pólvora – e não um Jardim Botânico, como pensam alguns - deu-se início ao povoamento, mais regular, na localidade.
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Já nesta ocasião, os terrenos onde morou J. Carlos, formava uma grande chácara, conhecida pelo nome de Chácara da Bica, porpriedade de Antonio José Pinto Monteiro, e que tinha o número 61.
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Parte das suas terras foi, durante muitos anos, a única chácara ou sítio, localizado do lado esquerdo da rua Jardim Botânico, quase à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, em uma ponta que avançava sobre a mesma que, segundo a cartografia do princípio do século XIX, denominava-se Pedras do Pinto. Ali surgiu, já no século XX, o grande palacete do médico, José Mariano Carneiro da Cunha, conhecido pelo nome de Solar Monjope.



1809-1827 - Entre 1809 e 1827, o terreno onde morou J. Carlos, pertencia a  Antonio José Pinto Monteiro e sua mulher Esperança Leonarda do Sacramento, que por formal de partilha, anterior a 1827, coube ao filho, Vicente José Pinto Monteiro, repassado aos netos Vicente José Pinto e sua irmã, Francisca José da Silva.
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1838 - Cabe registrar que, por volta de 1838, o velho Sítio 61 - segundo a organização dos terrenos arrendados à Fazenda Nacional - recebeu nova numeração: Chácara 3 – em outras palavras, se já neste tempo tivesse nascido J. Carlos, estaria agora morando no número 3.
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Na década de 30, do século XIX, a família Pinto Monteiro iria se desfazer, definitivamente destas terras, e venderam a Chácara da Bica, pela quantia de 10:000$000 (dez contos de réis), para Benedito Antonio Duarte, compreendendo as benfeitorias existentes. Nelas, Bernardo Duarte vem atestado como proprietário de escravos.
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  • Vicente José Pinto e sua irmã Francisca Joaquina da Silva, vendem e cedem a herança dos falecidos seus pais a Bernardo Atonio Darte. São senhores e possuidores das benfeitorias de uma chácara em terreno da Nação, situada na Freguesia de São João Batista da Lagoa de Freitas, denominada a Bica, que houverão por herança de seus fallecidos pais Vicente Jsé Pinto Monteiro e Plácida Joaquina, constante do formal de partilhas que se estrahiu do inventário de seu avô Antonio José Pinto Monteiro, dos quais benfeitorias que consistem em Casa, posse de terreno, arvoredos, e todos os mais bens que elles provierão desta herança, não só da dita seus pais, como da falecida sua avó Esperança Leonarda do Sacramento, a excepção dos escravos que ora existem . . . pela quantia de 10:000$000
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1840-1852 - Entre 1840 e 1851, a chácara da Bica vem atestada, sempre em mãos da família Duarte e, em 1852, pertencia a Domingos Antonio Duarte.
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1853-1875 - Os Duarte, venderam a propriedade, em 1853, para o Comendador e capitalista Francisco Antonio de Carvalho Ribeiro, português de N. S. da Conceição d Vila do Rio Maior , falecido a 28.03.1858, no Rio de Janeiro, com 38 anos de idade. Estava viúvo de Deolinda Rosa Pereira Gonçalves, falecida a 13.01.1850. Porém, não suportando a solidão da velha companheira, que lhe deixara dois filhos pequenos, resolvera casar-se novamente, desta vez, com uma “poderosa” mulher, filha da famosa DONA CASTORINA, sim, àquela que deu nome a “estrada” que corre por traz do Jardim Botânico, que dava acesso a sua suntuosa fazenda, no Horto.
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O comendador Carvalho Ribeiro, para mostrar poder e justificar o pedido da mão da donzela Firmina Angélica Mendes de Oliveira Castro, então com dezesseis anos de idade, fez construir um grande casarão, do outro lado da rua, justamente naquele pedaço de terreno que avançava até a beira da lagoa. Casaram-se a 31.08.1852, na Candelária e, foi esta mesma casa, quase senhorial, do velho Império, que o já citado José Mariano, o paladino da arquitetura neo-colonial brasileira, transformou no seu grande palacere Monjope, à cópia do que foi, outrora, o engenho da secular família Carneiro da Cunha, em Pernambuco.


1875 - Em 1875, depois de algumas transações de compra e venda da propriedade, a Chácara da Bica pertencia a José Moreira  da Fonseca, casado com uma filha do primeiro casamento do comendador Carvalho Ribeiro e, o que é mais curioso, foi que este trecho inicial da rua Jardim Botânico, entre o atual Túnel Rebouças e o Parque Lage, em fins da década de 60, tinha o nome de rua do Oliveira, ou seja, o grande J.Carlos, se vivo fosse naquela época, poderia dizer que morou no numero 3, da Rua do Oliveira, confundindo metade da população carioca, que não saberia informar tratar-se da mesma Rua Jardim Botânico, ou, para ser mais preciso, parte dela.
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Entre 1875 e 1879, a propriedade foi dividida em duas partes:
Número 3 – de Suzana Sampaio
Número 3 A – de Umbelina Luiza de Medeiros Guimarães


Em fins do século XIX, virada para o XX, já estava muito retalhada a velha Chácara da Bica, no entanto, ainda não existia o logradouro que tem hoje o nome de J. Carlos. No entanto, o fervilhar da zona sul carioca, com parte da população buscando novas regiões praieiras, como Ipanema e Leblon, já como resultado da explosão copacabanense, e parte migrando para o bucólico bairro do Jardim Botânico, fez com que estas regiões se urbanizasse rapidamente. No Jardim Botânico, ainda encontravam-se vários terrenos arborizados, nos fundos das chácaras remanescentes, como a dos Lages, vizinha à da Bica. Foi assim, necessário rasgar logradouros, perpendiculares à rua Jardim Botânico, em direção a encosta.
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Foi aí, que a Companhia “A Propriedade”, detentora de parte das terras que outrora formavam a Chácara da Bica, do lado da encosta, resolveu crirar o bairro “Jardim Redentor”, conseguindo a aprovação de um plano de arruamento e loteamento das terras, com projeto idealizado pelo engenheiro e urbanista carioca, Professor. José Otacílio Saboya Ribeiro (1899-1967), também responsável pelos projetos de urbanização dos bairros do Recreio dos Bandeirantes e parte do Leblon.


O projeto de Saboya Ribeiro, da criação do “Jardim Redentor”, data do ano de 1941. Por ocasião da implantação deste loteamento, abriu-se uma entrata pela rua Jardim Botânico, a fim de atingir os terrenos dos fundos, a qual se deu o nome de Rua Sucupira. A abertura do novo logradouro, formava duas novas esquinas na rua Jardim Botânico e, numa delas, naquele mesmo ano de 1941, no número 236, residia José Carlos de Brito e Cunha,  o renomado caricaturista J.Carlos, nascido a 18.06.1884, no Rio de Janeiro, onde faleceu a 02.10.1950. Filho de Eduardo Augusto O'Neill de Roure Brito e Cunha e de Maria do Loreto Carneiro Viana Carvalho e Melo, descendia, por parte de sua mãe, das primeiras famílias povoadoras da cidade do Rio de Janeiro, no distante século XVI.

J. Carlos, o mais importante caricaturista de seu tempo, com inúmeros trabalhos publicados nas revistas Careta, Fon-fon, O Tico-tico, O Cruzeiro e no Almanaque do Tico-tipo, residia na Casa número 236, da Rua Jardim Botânico, onde atendia pelo telefone 26-3410, naquele ano de 1941. Neste endereço, ainda residia, quando faleceu às 10h:45 min, na Clínica São Vicente, no dia 02.10.1950, conforme atestou o dr. Aluizio Marques, em seu atestado de óbito.

Foi assim, que em homenagem ao grande J. Carlos, que por quase dez anos residiu na esquina da Rua Jardim Botanico, com a Rua Sucupira, que esta última, passou a denominar-se Rua J. Carlos.


A belíssima residência de J. Carlos – cuja fotografia foi postada aqui, no face do “Rio de Janeiro: Onde morava meu antepassado”, por seu neto Oscar Henrique foi, infelizmente, devorada pela especulação imobiliária, demolida, surgindo em seu lugar, um edifício de apartamentos, de sete andares, com cinco unidades por andar, onde ainda residia, nos anos 80, do século XX, um dos seus filhos Eduardo Auqusto de Brito e Cunha, pai do nosso compartilhador Oscar Henrique.
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Att.
Cau Barata


BOTAFOGO - RUA VOLUNTARIOS DA PATRIA, 381 – para Amelia Pucu de Araujo

Amelia Pucu de Araujo - Tenho muita curiosidade de saber quem morava na rua voluntarios da patria, 381. Acho essas informações muito interessantes e uma otima maneira de conhecer a historia da nossa cidade.
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Prezada Amélia,

Confesso que, inicialmente fiquei pensando: de onde vem este endereço, ou seja, porque uma curiosidade jogada ao ar: “e a rua Voluntários da Pátria, 381?”

Como não vi, inicialmente, nenhuma relação pessoal com o endereço, fiquei “cabreiro”, na espectativa de não estar pesquisando um endereço sem uma ligação emocional.

Resolvi tentar, uma indagação rápida, para ver se descobria a razão da sai pergunta. Espero não estar errado, mas parece que você morou neste endereço, na década de 80, lá pelo quinto andar.

Na verdade, temos um edifício de apartamentos, de 11 andares, com loja no térreo, erguido em terras da antiga Quinta da Olaria, que remonta ao século XVIII.

Nos anos 80, época em que você teria ali residido – suponho eu –funcionava no térreo, a loja Liana Modas Ltda, que teria sucedido a loja Casa Vilma, que lá estava em meados do século XX, quando em seu apartamento, residia Agostinho Fraga.

Apesar da antiguidade do lote 381, da rua Voluntários da Pátria – que é um logradouro recente, comparado a muitos outros da Cidade do Rio de Janeiro 185 anos – o mais nobre morador deste endereço, não desmerecendo os outros, foi um Vice-Presidente da República do Brasil, Urbano Santos Costa Araújo. No tempo em que o número 381, era ainda uma bela Casa. Este número 381 lhe pertencia, e ali ele residia em 1920.

Urbano Santos Costa Araújo, nasceu a 03.02.1859, em Guimarães, Maranhão, e falecido a 07.05.1922, a bordo, em viagem do Maranhão para o Rio de Janeiro. Bacharel em Direito, pela Faculdade do Recife, PE [1882]. Governador do Maranhão [1898, 1913 e 1918]. Senador da República [1906]. Ministro da Justiça. Presidente do Senado [1914-1918] e Vice-Presidente da República do Brasil [1914-1918]. Foi Presidente da República [08.09.1917 a 09.10.1917 - por curto espaço de tempo, substituindo Wenceslau Braz, que se encontrava doente.

A casa do Presidente Urbano – depois sua moradia 381, no ano de 1911, tinha o número 191, identificação que já vinha do final do século XIX.


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QUINTA DA OLARIA
ORIGEM DO NÚMERO 381 NO SÉCULO XVIII

Todas as terras compreendidas entre a Rua Voluntários da Pátria e os morros que divide Botafogo de Copacabana, com testada para a praia de Botafogo, nas bandas da hoje rua da Passagem, e fundos para a lagoa Rodrigo de Freitas, nas bandas do atual Humaitá, foram adquiridas, no ano de 1785, pelo Capitão Francisco de Araújo Pereira, que dá início a organização da sua grande fazenda, formando a famosa Quinta da Olaria.

O Capitão Francisco de Auaújo Pereira, era rico proprietário e conceituado negociante na praça do Rio de Janeiro. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1736, filho do negociante Antonio de Araújo Pereira, morador na rua Direita (hoje Primeiro de Março). Foi eleito para o biênio de 1790-1791 para exercer o importante cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Foi considerado o representante da Casa de Comércio mais sólida e regular da capital da Colônia Portuguesa. Exerceu novamente àquele cargo de Provedor da Santa Casa, de maio e ajunho de 1802.

Além de possuír a grande Quinta ou Fazenda da Olaria, em Botafogo, foi proprietário de extensa chácara, na hoje Praia da Glória e vários prédios no centro da cidade.

O Capitão Francisco de Araújo Pereira, faleceu em 5 de março de 1816 e, pouco depois, foram suas terras vendidas pelo seu testamenteiro.

Após sucessivas compras e vendas da propriedade, quase toda ela chegou, no princípio do século XIX, foi vendida, pelo valor de 60:000$000, para o Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha e Brito (1769- 1828), Capitão de Mar e Terra do Brasil, Governador e Capitão Geral da Bahia e último Vice-Rei do Brasil , serviço que estava desempenhan do quando chegou ao Rio de Janeiro a Família Real Portuguesa, em 1808.

Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha e Brito

Poucos anos depois, parte desta grande propriedade estava em mãos de Joaquim Marques Baptista de Leão, o Velho, natural de vila de Cela, patriarcado de Lisboa, e falecido cerca de 1846, no Rio de Janeiro.

Foi por ocasião da administração de Marques Leão, que este empresário empreendeu o loteamento da antiga Quinta da Olaria, abrindo diversas ruas, entre elas, uma que lhe homenageia: rua de São Joaquim da Lagoa. Estamos no ano de 1826 – data da abertura deste logradouro, porém, ainda sem saída na sua parte final, terminando na rua Marques, não tendo saída para a rua Humaitá.

Perceba que, da mesma forma que a Rua Santo Amaro – já tratada aqui, quando falei da Beneficencia Portuguesa – homenageia o proprietário Amaro; este novp logradouro, Rua de São Joaquim, também homenageia seu proprietário, Joaquim M.B. Leão. Deve-se a ele, também, a urbanização do Largo dos LEÕES, nome que homenageia o sobrenome de sua família.

Agora... é só povoar a nova rua.


O LOTE 381 – então Z 10

O lote que vai dar origem ao futuro edifício 381, no tempo em que se abriu o logradouro, foi vendido para Leandro Antonio Ferreira, um dos muitos pioneiros na rua de São Joaquim (atual rua Voluntários da Pátria).

Com a morte deste pioneiro “botafoguense”, da atual rua Voluntários da Pátria, sua propriedade foi arrematada, após corre o inventário, por Joana da Cunha Bassão Lopes, que a deixou ao seu filho e herdeiro, Manuel José Lopes.

Em 1865 – este terreno onde vai surgir o edifício 391, da Rua Voluntários da Pátria – foi vendido a João Marques Rodrigues. Por ser um terreno oriundo de várias divisões de uma porção maior, tinha nesta ocasião o curioso número Z 10.


Problemas nos negócios, levaram à liquidação dos bens de Marques Rodrigues, e sua propriedade foi arrematou em praça pública do Juizo da Provedoria, em 1871, por Manuel Ferreira Neves.

RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA 

Cabe ressaltar que, por ocasião da aquisição do tereno, por parte de Manuel Ferreira Neves, este logradouro havia bem recentemente recebido sua nova denominação, que ainda hoje perdura: Rua Voluntários da Pátria.

Em sessão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de 13 de maio de 1870, sob proposta do presidente da Câmara, a rua de São Joaquim passa a denominar-se rua dos Voluntários da Pátria, “em atenção aos relevantes serviços prestados à Pátria, pelos abnegados voluntários, que de norte a sul do país seguiram para a campanha do Paraguai, alistados no exercito, armada e guarda nacional”.

Manuel Ferreira Neves, nascey cerca de 1807, na freguesia de Paranhos, bispado do Porto, Portugal. Foi casado duas vezes, sendo a segunda mulher, com quem residiu em Botafogo, Carolina do Amor Divino, natural do Rio de Janeiro (Inhaúma)

1873 - O LOTE 381 – então 9, antigo Z 10

No tempo de Manuel Fereira das Neves, a propriedade Z 10, da rua Voluntários da Pátria, recebeu em 1873, o número 9. Foi por pouco tempo, pois foi ela dividida em tres novos lotes:
  • Lote 9 – propriedade de de Manuel Ferreira das Neves
  • Lote 9 A – propriedade de de Francisco José Leitão
  • Lote 9 B – propriedade de de Paulino da Silva Castro


1875 - O LOTE 381 – então 155, antigo 9 e antigo Z 10

Do antigo terreno 9 – onde você, Amélia, residiu - surgiram as propriedades 155 e 155 A; do antigo terreno 9 A, surgiu a propriedade 157; e, do antigo terreno 9 B, surgiram as propriedades 159 e 159 A.

A propriedade que é de interesse neste nosso estudo, é o lote 155 A, uma casa térrea (de um pavimento), que passou a pertencer a Joaquim da Silva Guimarães.  


1895 - O LOTE 381 – então 191, antigo 155, antigo 9 e antigo Z 10

Finalmente, conforme vimos acima, em fins do século XIX, o antigo lote 191, que surgiu depois de diversos desmembramentos, desde a velha Quinta da Olaria, do século XIX, passou a responder pelo número 191, onde residia, já na virada do século XIX para o XX, o já citado Manuel Gonçalves Duarte e, em seguida, ao Vice-Presidente da República e Presidente por pequeno período, Urbano Santos Costa Araújo.

E assim... no lugar que foi de Francisco de Araújo Pereira, que foi do Conde dos Arcos, que foi de Joaquim Batista Marques Leão, que morou Leandro Antonio Ferreira, que morou Joana da Cunha Bassão Lopes, que morou Manuel José Lopes , que morou João Marques Rodrigues, que morou Manuel Ferreira das Neves, que morou Joaquim da Silva Guimarães, que morou Manuel Gonçalves Duarte e que morou o Presidente Urbano Santos Costa Araújo... surgiu um edifício de apartamentos, de 11 andares, com loja no térreo.

Att.
Cau Barata
Rio de Janeiro, 08.04.2011

ROBERTO JORGE HADDOCK LOBO – TIJUCA – para Stella Haddock Lobo

Stella Haddock Lobo - Não resistindo: onde morava a família de Roberto Jorge Haddock Lobo. A rua com esse nome , na Tijuca , tem alguma coisa ligada à família ou é apenas um nome de rua.

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Prezada Stella,

Seus Roberto´s Jorge (cinco, ao todo), residiram em muitos endereços, lógico, pois foram cinco ao longo de 167 anos (1844-2011); houve até um, que morou na própria rua Haddock Lobo.


Porém, tanto o histórico da rua Haddock Lobo, como o histórico da família e sua atuação no bairro da Tijuca, outrora Engenho Velho, “começa pelo começo”, ou seja, no próprio patriarca da família, que foi Roberto Jorge Haddock Lobo I.

Nascido em 1817, em Cascais, patriarcado de Lisboa, já encontrava-se no Rio de Janeiro, no ano de 1844. Residiu, a vida toda, no Engenho Velho – homem fiel ao bairro da Tijuca – onde o encontro residindo, em 1844, na rua do Engenho Velho, número 19, e neste mesmo endereço faleceu a 30.12.1869, sendo sepultado no cemitério do Cajú.

Era Doutor em medicina e negociante matriculado na praça do Rio de Janeiro. Tenente Cirurgião do Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, Delegado de Instrução Pública da Freguesia do Engenho Velho, em 1852.

Roberto Jorge Haddock Lobo

Membro Titular da Academia Imperial de Medicina, na Seção Cirúrgica, instituição que foi fundada em 30 de Junho de 1829 , com o titulo, Sociedade de Medicina, aprovada por Imperial Decreto de D. Pedro I, de Janeiro dc 1830 e instalada publicamente em 24 de Abril do mes­mo ano.

Em 1868, era Membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Segurs Mútuo sobre a vida, autorizada a funcionar por Decreto Imperial de 18.06.1864. Nesta ocasião, encontrava-se na Europa, porém, no ano seguinte já estava no Rio de Janeiro, quando faleceu.

Presidente da Camara Municipal do Rio de Janeiro, cargo que exerceu com maestria. Dignitário da Ordem da Rosa, Comendador da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro.

A Rua do Engenho Velho, é uma das mais antigas do bairro da Tijuca, então principiando na rua Estácio de Sá, junto à Igreja do Divino Espírito Santo, e terminando na esquina da Rua São Francisco Xavier, com a rua Conde de Bomfim. Uma importante artéria de comunicação para os bairros do Engenho Velho, Rio Comprido, Tijuca e Andaraí.


Logo no princípio daquele velho logradouro, no sobrado de número 19, residiu Roberto Jorge Haddock Lobo I, entre 1844 e 1869, quando deu o seu último suspiro, ao lado de seus familiares, ficando a propriedade em mãos de seu filho homônimo, Roberto Jorge Haddock Lobo II, já que seu filho segundo, Jeronimo Haddock Lobo, parece ter falecido criança.  Foi a propriedade dividida em quatro lotes, de números 17, 17 A, 19, 21 e 23, sendo o número 17, na esquina com a rua Maria José, hoje conhecida pelo nome de Rua Zamenhof.

Justamente, no terceiro prédio após a esquina com a rua Maria José (Rua Zamenhof), residiu este seu antepassado, até a data do seu falecimento. Os velhos prédios 17, 17 A e 19, a partir de 1876, passaram a atender pelos números 21, 23 e 25 (casa de Roberto Jorge) e, os números 21 e 23, foram unidos pelo número 27. Estas propriedades, no último ano do século XIX – 1900 – ainda tinha esta numeração. O número 23, na década de 40, era uma casa com cinco apartamentos; e, o 25, onde viveu seu patriarca, era a casa de Elisa Silva Carvalho.

No entanto, para finalizar, há que se registrar que a rua Engenho Velho, deixou de existir, no ano seguinte ao falecimento de seu antepassado, devido à aprovação da proposta apresentada à Câmara Municipal, pelo verador Dr. Abreu. Querendo homenagear ao importante e saudoso Presidente da nesna Câmara - Roberto Jorge Haddock Lobo (I), àquele logradouro passou a chamar-se  RUA HADDOCK LOBO.


A proposta foi apresentada, em sessão da Câmara Municipal de 28 de janeiro de 1870 – um mês depois do falecimento do Dr. Roberto Jorge Haddock Lobo – e, sem debate, foi imediatamente aprovada a seguinte indicação:



  • A fria louza da sepultura encerra os restos mortaes de um cidadão que por muitos quatriennios occupou uma dessas cadeiras que o povo nos delegou. Esse cidadão, tão relevantes serviços prestou ao Município Neutro que torna-se credor da gratidão pública, inscrevendo seu nome nos archivos municipaes e dotando-lhe com uma importante obra, senhores, é o “Tombamento Municipal”.
  • Por esse enunciado comprehendereis que fallo do Dr. Roberto Jorge Haddock Lobo. Assim, pois, como gratidão de tantos benefícios por elle prestados ao Município, e em respeito à sua memória, proponho que esta Ilma. Câmara, clebrando hoje a sua primeira sessão deste annp, mande inscrever na acta um voto de sentimento profundo pelo passamento de tão conspicuo, intelligente e dedicado cidadão, incansável obreiro desta Ilma. Camara e que cooperou com o seu voto e profundos estudos, não só a sustentar que o elemento municipal, legalmente constituido, deve possuir prestígio e gráu de força moral necessária para ser respeitado, como enthusiasta pela idéa do progresso e adiantamento civilizador; iniciou e coadjuvou seus collegas na dotação de melhoramentos tendentes ao bem publico e a segurança individual.”
  • Paço da Illustrissima Camara, 28 de Janeiro de 1870 – Dr. Abreu.


Cabe lembrar, no final do século XIX, que existiu outra rua Haddock Lobo, no bairro de Campo Grande, que hoje tem o nome de rua Bernardo de Vasconcelos.

Cau Barata

RUA SANTO AMARO - BENEFICENCIA PORTUGUESA – para Maria Cecilia Martins

Maria Cecilia Martins - Caro Cau, e a Beneficencia Portuguesa na Rua Santo Amaro? Parabéns pelo trabalho!
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Prezada Maria Cecília,



Temos aqui, um histórico um pouco reduzido, dentro da proposta inicialmente da página; na verdade, se pensarmos nos terrenos da Rua Santo Amaro, a sua história não é tão remota, como os demais já estudados aqui, no entanto – é lógico – que seu terreno é tão antigo, quanto a Cidade, na verdade – novamente lógico – qualquer terreno aqui estudado, origina-se do tempo da fundação da Cidade do Rio de Janeiro, em 1565-1567, pelo Capitão Estácio de Sá.


Acontece, que a rua Santo Amaro, é um logradouro ligeiramente novo, perto dos outros aqui já descritos - rua das Laranjeiras, Senador Vegueiro e Largo do Machado. Foi aberta em terrenos de uma importante família carioca, cuja testada original, era para a rua do Catete. Aí começa o histórico das terras onde se ergueu a Beneficencia Portuguesa.

As terras, onde hoje se ergue a Beneficiência Portuguesa, em 1820, pertenciam a Amaro Velho da Silva, com testada para a rua do Catete e fundos até o alto do morro, fazendo limite com os canos que conduziam água do Rio Carioca ao Aqueduto da Carioca (Lapa), ou seja, até tocar no que hoje conhecemos por Rua Almirante Alexandrino.

Amaro Velho da Silva, proprietário dos terrenos onde vai surgir, tempos depois, a Beneficiência Portuguesa, era um abastado negociante e capitalista. Nascido no Rio de Janeiro, a 16.05.1780, onde faleceu a 08.07.1843. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas a 28.01.1813; e foi agraciado, respectivamente, com os títulos de Barão e Visconde de Macaé, a 12.10.1826 e a 18.10.1829. Conselheiro do Império, e teve seu corpo sepultado na Igreja de São Francisco de Paula.

No ano de 1836, esta enorme chácara, tinha o número 2, e corresponde, nos dias de hoje, aos edifícios do número 6 ao número 64.

Amaro Velho da Silva, faleceu solteiro, vítima de uma congestão cerebral, sem geração, no entanto, em 1838, toda a sua propriedade, talvez por transação de escritura de compra e venda, ou por herança, pertencia a seu sobrinho e querido afilhado, José Maria Velho da Silva, nascido em 1795, em Lisboa, Portugal, porém batizado em Cádiz – Espanha, e casado a 12.08.1826 , pelas cinco horas da tarde, no oratório da chácara do Conselheiro Amaro Velho da Silva, na rua do Catete, com uma sobrinha deste, de nome Leonarda Maria Velho da Mota, batizada a 29.08.1810, no Rio de Janeiro. Seu tio Amaro, segundo tradição de família, o tratava como um filho.

Foi Conselheiro do Imperio, Capitão e Doutor. Cirurgião-Mór do Estado Maior da Guarda Nacional  de Macaé e Capivari em 1856.

Por volta de 1846, o Conselheiro José Maria Velho da Silva vendeu quase todos os terrenos da chácara da Rua do Catete, ou seja, dos atuais números 28 a 64; e deixou um quinhão de terras, para si e sua família.

RUA SANTO AMARO

Foi, justamente neste pedacinho de terra, remasnecente da grande chácara do seu padrinho e tio de sua mulher, que mandou abrir ao transito público, no ano de 1852, um novo logradouro, a fim de dar acesso aos terrenos do alto. Tinha origem em uma antiga servidão da família Velho da Silva. Assim, na antiga chácara número 2, da rua do Catete, vemos surgir a Rua Santo Amaro, uma homenagem clara ao seu parente e tio de sua mulher – AMARO.

Agora, é só começar a povoar o logradouro e, nos terrenos de números 24 a 26, se viu ser construído, logo que se abriu a nova rua, o Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficencia D. Pedro V, cuja primeira pedra foi lançada no dia 19 de Dezembro de 1853. Obra do arquiteto Luis Hosxe, tendo por mestre de obras, do primeiro pavilhão, Francisco Antonio da Silva.


Talvez, uma das primeiras construções da jóvem rua e, certamente, a mais suntuosa. As obras tiveram fim a 23 de julho de 1855, quando se colocou a cumieira, preparado o seu interior, foi inaugurada, com benção e toda a pompa, no dia 16 de setembro de 1858. Abriu suas portas aos primeiros doentes em 7 de janeiro de 1859.

Algum tempo depois, foi rebatizado, reduzindo sua denominação para Hospital da Sociedade de Beneficência Portuguesa.

Em 1875, o edifício da Sociedade Portuguesa de Beneficencia, então números 24 e 26, da rua Santo Amaro e, outrora, número 2 da rua do Catete, recebeu nova numeração: simplificada em número 24. Hoje – 2011 – tem os números 80/84.

Att,
Cau Barata

RUA DAS LARANJEIRAS, 280 (CASA) – para Marcia Cavalcanti

Para Marcia Cavalcanti

Prezada Márcia Cavalcanti,

Muita gente, como era de se esperar, morou na sua casa ou, para não assustá-la, morou no mesmo terreno onde, em meados do século XX, existiu sua casa.


No recuo do rempo, quase perdido no espaço, estas terras onde você nasceu, pertencia, em fins do século XVIII, a André Simões Lima. Este velho proprietário, parece ter presenciado a chegada da então Princesa Carlota Joaquina, que adquiriu as terras do lado direito do atual Largo do Machado, àquele que tinha do outro lado, os Marques Lisboa, como já comentei aqui, em outra nota. No entanto, pouco tempo depois, em 1810, já encontrava-se falecido e, seus herdeiros – rei morto, rei posto – logo se desfizeram da propriedade, ou kelhor, da grande chácara, que foi vendida, naquele ano de 1810, para Domingos de Souza Maia.

Souza Maia, assim, também foi um dos que andou peranbulando, nas noites escuras das Laranjeiras, quiçã amedrontando você, na sua primeira infância, ou seus pais.

Viveu algum tempo na casa de chácara que ali estava erguida, e teve por sucessora, sua viúva Maria Rosa da Assunção que, como de costume, logo no esfriar do corpo de seu amado defunto, foi logo vendendo parte da propriedade e, justamente adquiriu Ana Benedita de Lima, em 1828. As terras restantes, que corresponde hoje a rua das Laranjeiras, do número 228 ao 322, foram vendidas por seus filhos em 1855.

Ana Benedita, ali viveu até 1839, quando vendeu a propriedade, então com 20 braças de frente, para Antonio Dias Peixoto – mais um que andou muito pelos corredores de sua casa. Esta propriedade, em 1853, pertencia ao genro de Dias Peixoto, de nome Domingos José Gonçalves Machado e, neste época – o que hoje tem o número 280 – tinha o número 16. Domingos havia se casado em 1848, com Maria Dias Peixoto, a verdadeira herdeira deste quinhão de terras. Viveram muitos anos na chácara 16, da rua das Laranjeiras que, alguns anos antes de 1870, j[a em mãos de seus herdeiros, passou a ter um novo endereço, ou seja: Rua das Laranjeiras, número 54.

Agora, Márcia, a sua casa que tem o número 280, e que, na década de vinte do século XIX, recebeu o seu primeiro número – 16 (dezesseis) – em 1870, já era conhecida pelo número 54, tendo sido vendida pelos herdeiros de Domingos José Gonçalves Machado, para Luiz Antonio da Silva Guimarães, homem maduro, com quase 56 anos de idade, casado, e com seis filhos.

Seu antigo anfitrião, Luiz Antonio, era Fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo de Portugal, Conselheiro da Caixa Econômica e Monte Socorro, criada pelo Decreto 2723, de 12 de janeiro 1861; Diretor do Novo Cassino Fluminense, que funcionava na Rua do Passeio, número 44; e era conssignatário de uma casa de comissões de generos de importação e exportação, que funionava na rua da candelária, 43.

Era casado com Leopoldina Pires da Silveira e, no ano de 1873, acomanhou a nova mudança da numerção das casas urbanas da Cidade do Rio de Janeiro, e a chácara 54, da rua das Laranjeiras,m antiga chácara 16, recebeu a nova numeração: 62.

O fidalgo Silva Guimarães, faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de outubro de 1876, sendo sepultado no Cemitério de São Francisco de Paula, mais conhecido por Cemitério do Catumbi. A velha chácara ficou em mãos da viúva, Leopoldina Pires da Silveira, que faleceu quase vinte anos depois do marido, a 2 de setembro de 1894, sendo enterrada no mesmo campo santo, onde repousava seu marido.

Por ocasião do falecimento da viúva Leopoldina, a chácara tinha o número 84, e foi herdada por sua filha, Luiza Leopoldina Guimarães, VISCONDESSA DE ARAÚJO, nascida no Rio de Janeiro, em 1839. Ali viveu, no princípio do século XX, com seu marido, José Domingues de Araújo, português, capitalista no Rio de Janeiro, e agraciado com o título de Visconde de Araújo, pelo governo português, a 18 de Maio de 1868. O casal, parece ter se retirado para Macaé, onde tiveram seus filhos.

Márcia, você teria esbarrado com a Viscondessa, algum dia ?


Seja como for, saiu a nobreza do Império, e entrou a notabilidade da República e, já na casa número 280, da rua das Laranjeiras, outrora númeos 84, 62, 54 e 16, passou a residir, na década de vinte, do século XX, o renomado Dr. José Carlos Rodrigues (1844-1923), empresário, diretor do Jornal do Commercio, membro de destaque da elite republicana carioca. Foi quem patrocinou, no princípio do século, a construção do Hospital de Crianças da Santa Casa de Misericórdia, o primeiro do gênero no Brasil, num terreno no bairro de São Cristovão.

Entre 1941 e 1954, ali residiu Christovam Camargo, que atendia pelo tel. 25-6330. Finalmente, já em 1984, lá estava, o testemunho do progresso, versus a ação incontestável de destruição dos lugares de memória, malfadados ao esquecimento  – a construção de um edifício de 16 andares, com quatro apartamentos por andar, e lojas no teérreo.

Att. Cau Barata


MARQUES LISBOA – LARANJEIRAS – Para Sonia Sant'Anna

Sonia Sant'Anna Prazado Cau. Sempre ouvi dizer na família que parte de Laranjeiras pertencera outrora aos Marques Lisboa. Mas nem mamãe, muito ligada a esses assuntos de família, sabia me dizer qual parte de Laranjeiras. Você foi, como sempre, rico em detalhes. Um beijo agradecido. Sonia.
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Para Sonia Sant'Anna

Prezada amiga Sonia, o patriarca de Laranjeiras, dentro do grupo Marques Lisboa, foi justamente o famoso  Patrão-Mor da Barra do Rio Grande, Francisco Marques Lisboa, nascido a 13.05.1768, em Famalicão - Lisboa – Portugal, e falecido por volta de 1844.

Veio, junametnte com dois irmãos, para o Brasil a chamado do tio matemo, José Antonio Ribeiro, residente no Rio de Janeiro. Francisco fixou residência no Rio Grande do Sul, na cidade de Rio Grande (vila de São Pedro do Rio Grande). Um dos poucos dados existentes a seu respeito nos arquivos brasileiros é uma carta de confirmação, datada de Lisboa a 20.7.1804, provendo-o na serventía vítalicia de Patrao-Mor do Porto do Rio Grande de São Pedro do Sul.

No Rio de Janeiro, também foi grande proprietário e, no bairro de Laranjeiras, na década de 40, do século XIX, era proprietário no atual LARGO DO MACHADO, ou seja, de todo o lado direito do Largo, desde a esquina da Rua do Catete, até aproximar-se da Igreja Matriz da Glória, onde tem princípio a Rua Gago Coutinho. Foi, outrora, esta região denominada de Campo das Laranjeiras. Também já teve as denominações de Campo do Largo do machado, Praça da Glória, Praça Duque de Caxias e, hoje, apenas Largo do Machado.

Nota: As terras dos Marques Lisboa ficam à direita, nesta imagem.
O outro lado, onde se vê uma torre de uma capela, pertenciam á Carlota Joaquina.


Todo o lado par do Largo do Machado, justamente onde fica um dos patrimônios históricos do bairro – o COLÉGIO ESTADUAL AMARO CAVALCANTE. lgo Machado, atual número 20 – pertencera a Francisco Marques Lisboa. Com sua morte, ficou a propriedade para seus filhos, sobretudo os homens: Henrique Marques de Oliveira Lisboa, com o lote número 6; José Marques Lisboa, com o lote número 8; e Vicente Marques Lisboa, com o lote números 4, 10, 12 e 14. Estes últimos, certamente após arranjo com seus irmãos. Houve, ainda, o lote 2, que foi adquirido, por escritura de compra de 1847, por Dona Maria Inez da Cunha Marques, que arrematou do espólio do falecido Francisco Marques Lisboa.


Vicente, morreu no Rio de Janeiro a 04.01.1863,, na rua das Laranjeiras 15, viúvo, e foi sepultado no Cemitério do Caju. Suas propriedades: terrenos 4, 10, 12 e 14, ficaram com seus herdeiros diretos, sendo que o número 4, ficou para sua filha Guilhermina Angélica de Lima Lisboa, mulher de Luiz Augusto Schmidt. Rm 1875, ainda pertencia a Guilhermina.

José, acabou dividindo o seu lote, número 8, com seus irmãos: Henrique Marques de Oliveira Lisboa (já proprietário do lote 6) e Eufrásia Marques Lisboa, então casada com Joseph March Ewbank, protestante, natural de Castel Barnard, Durham, Inglaterra, onde nasceu a 19.04.1791.

D. Maria Inez da Cunha Marques, que havia arrematado em 1847, através de Manuel da Cunha Barbosa, o lote 2, do espólio do finado Francisco Marques Lisboa, dividiu sua propriedade em 1uatro lotes, antes de 1870, que ficaram numerados da seguinte maneira: A, B, C e 2.

O lote número 2, acabou sofrendo uma divisão, devida à abertura da antiga Rua do Quintanilha, por atravessar, na sua maior parte, as terras de Salvador Alves Corrêa Quintanilha. Este caminho, chamou-se, pouco depois, Rua da Pedreira da Candelária e, hoje, tem a denominação de RUA BENTO LISBOA.

Os lotes números B e C, uma subdivisão do número 2 – descrito acima – tinham, respectivamente, quatro e duas braças de frente. O primeiro – B – Maria Inês vendeu, em 1865, para Eugenia Cadeac e, o segundo, os herdeiros de Maria Inês, venderam a propriedade, em 1870, ao Governo Imperial que, na mesma ocasião, adquiriu o lote B, de Eugênia. Somando, assim, seis braças de frente, o Governo Imperial fez nelas ser construído, justamente a ESCOLA PÚBLICA AMARO CAVALCANTE – ou seja, o local da Escola, construída entre 1870 e 1875, em tempos passados, era terreno dos Marques Lisboa. A Escola foi inaugurada a 10 de abril de 1875.


Finalmente, o lote A, tomou outro rumo, e foi vendido, em 1856, por Maria Inez, para  o comendador Joaquim Inácio da Costa Miranda, nascido em 1791, em Pernambuco, e falecido a 09.04.1864, no Rio de Janeiro deixando oito filhos.

Beijo
Cau Barata