segunda-feira, 27 de junho de 2011

RUA SANTO AMARO - BENEFICENCIA PORTUGUESA – para Maria Cecilia Martins

Maria Cecilia Martins - Caro Cau, e a Beneficencia Portuguesa na Rua Santo Amaro? Parabéns pelo trabalho!
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Prezada Maria Cecília,



Temos aqui, um histórico um pouco reduzido, dentro da proposta inicialmente da página; na verdade, se pensarmos nos terrenos da Rua Santo Amaro, a sua história não é tão remota, como os demais já estudados aqui, no entanto – é lógico – que seu terreno é tão antigo, quanto a Cidade, na verdade – novamente lógico – qualquer terreno aqui estudado, origina-se do tempo da fundação da Cidade do Rio de Janeiro, em 1565-1567, pelo Capitão Estácio de Sá.


Acontece, que a rua Santo Amaro, é um logradouro ligeiramente novo, perto dos outros aqui já descritos - rua das Laranjeiras, Senador Vegueiro e Largo do Machado. Foi aberta em terrenos de uma importante família carioca, cuja testada original, era para a rua do Catete. Aí começa o histórico das terras onde se ergueu a Beneficencia Portuguesa.

As terras, onde hoje se ergue a Beneficiência Portuguesa, em 1820, pertenciam a Amaro Velho da Silva, com testada para a rua do Catete e fundos até o alto do morro, fazendo limite com os canos que conduziam água do Rio Carioca ao Aqueduto da Carioca (Lapa), ou seja, até tocar no que hoje conhecemos por Rua Almirante Alexandrino.

Amaro Velho da Silva, proprietário dos terrenos onde vai surgir, tempos depois, a Beneficiência Portuguesa, era um abastado negociante e capitalista. Nascido no Rio de Janeiro, a 16.05.1780, onde faleceu a 08.07.1843. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas a 28.01.1813; e foi agraciado, respectivamente, com os títulos de Barão e Visconde de Macaé, a 12.10.1826 e a 18.10.1829. Conselheiro do Império, e teve seu corpo sepultado na Igreja de São Francisco de Paula.

No ano de 1836, esta enorme chácara, tinha o número 2, e corresponde, nos dias de hoje, aos edifícios do número 6 ao número 64.

Amaro Velho da Silva, faleceu solteiro, vítima de uma congestão cerebral, sem geração, no entanto, em 1838, toda a sua propriedade, talvez por transação de escritura de compra e venda, ou por herança, pertencia a seu sobrinho e querido afilhado, José Maria Velho da Silva, nascido em 1795, em Lisboa, Portugal, porém batizado em Cádiz – Espanha, e casado a 12.08.1826 , pelas cinco horas da tarde, no oratório da chácara do Conselheiro Amaro Velho da Silva, na rua do Catete, com uma sobrinha deste, de nome Leonarda Maria Velho da Mota, batizada a 29.08.1810, no Rio de Janeiro. Seu tio Amaro, segundo tradição de família, o tratava como um filho.

Foi Conselheiro do Imperio, Capitão e Doutor. Cirurgião-Mór do Estado Maior da Guarda Nacional  de Macaé e Capivari em 1856.

Por volta de 1846, o Conselheiro José Maria Velho da Silva vendeu quase todos os terrenos da chácara da Rua do Catete, ou seja, dos atuais números 28 a 64; e deixou um quinhão de terras, para si e sua família.

RUA SANTO AMARO

Foi, justamente neste pedacinho de terra, remasnecente da grande chácara do seu padrinho e tio de sua mulher, que mandou abrir ao transito público, no ano de 1852, um novo logradouro, a fim de dar acesso aos terrenos do alto. Tinha origem em uma antiga servidão da família Velho da Silva. Assim, na antiga chácara número 2, da rua do Catete, vemos surgir a Rua Santo Amaro, uma homenagem clara ao seu parente e tio de sua mulher – AMARO.

Agora, é só começar a povoar o logradouro e, nos terrenos de números 24 a 26, se viu ser construído, logo que se abriu a nova rua, o Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficencia D. Pedro V, cuja primeira pedra foi lançada no dia 19 de Dezembro de 1853. Obra do arquiteto Luis Hosxe, tendo por mestre de obras, do primeiro pavilhão, Francisco Antonio da Silva.


Talvez, uma das primeiras construções da jóvem rua e, certamente, a mais suntuosa. As obras tiveram fim a 23 de julho de 1855, quando se colocou a cumieira, preparado o seu interior, foi inaugurada, com benção e toda a pompa, no dia 16 de setembro de 1858. Abriu suas portas aos primeiros doentes em 7 de janeiro de 1859.

Algum tempo depois, foi rebatizado, reduzindo sua denominação para Hospital da Sociedade de Beneficência Portuguesa.

Em 1875, o edifício da Sociedade Portuguesa de Beneficencia, então números 24 e 26, da rua Santo Amaro e, outrora, número 2 da rua do Catete, recebeu nova numeração: simplificada em número 24. Hoje – 2011 – tem os números 80/84.

Att,
Cau Barata

4 comentários:

  1. Obrigada por nos proporcionar esse conhecimento. Pesquisei nessa rua de num.155 a residencia de uma tia minha por parte de pai, pelo google. Ao continuar o passeio cheguei nessa construção maravilhosa, pois sou fã do meu Rio Antigo. Obrigada mais uma vez pela aula.

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  2. Interessante o fato da não citação do casarão situado na Rua Santo Amaro, 28, construído em 1870 pelo barão de Rio Negro. Em 1900 foi vendido por cem contos de réis a um empresário que transformou o casarão em teatro. Mais tarde o casarão foi vendido ao serviço público federal e hoje encontra-se desativado.

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  3. Interessante o fato da não citação do casarão situado na Rua Santo Amaro, 28, construído em 1870 pelo barão de Rio Negro. Em 1900 foi vendido por cem contos de réis a um empresário que transformou o casarão em teatro. Mais tarde o casarão foi vendido ao serviço público federal e hoje encontra-se desativado.

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  4. Excelente trabalho, meus 3 filhos nasceram nesse hospital, onde muitas histórias também começaram.

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