No entanto, este prédio não existia em 1925, tendo sido construído em terrenos que pertenceram ao embaixador Epaminondas Leite Chermont, nascido em Belém, Pará, a 08.08.1868. Ao lado da casa do velho embaixador, existiu outra, desmembrada da propriedade dele, com o número 52, no entanto, por este último terreno – que deixou de existir, foi aberta a rua Marechal Pires Ferreira.
Estes dois terrenos – entre eles o de 44, na virada do século, tinham os numeros 18 e 18-A – o que caracteriza desmembramento do mesmo lote, e pertenciam ao velho negociante Miguel de Novaes que, em 11.1876, se casou com Luiza Amalia da Silva Maia, que foi a 1.ª Viscondessa e 1. Condessa da Estrela, por seu primeiro casamento, ou seja, se você mora no número 44, você estpa tomando café da manhã com a viscondessa, depois condessa de Estrela. Muito “Chic”.
Este terreno, representa uma divisão de uma porção bem maior que, em 1890 formava a grande chácara da Condessa de São Mamede, Joana Maria Ferreira, que ali teria vivido até cerca de 1893, retirando-se, em seguida, para Lisboa, onde faleceu a 18.03.1897.
No entanto, era uma propriedade muiiiiito grande, que ela herdara de seu marido, o Conde de São Mamede, o milionário Rodrigo Pereira Felício, que foi um dos fundadores do Brazilian and Portuguese Bank, Limited [1863], o qual, mais tarde, denominou-se English Bank of Rio de Janeiro, Limited [1866]. Rodrigo – que deve estar andando pelos corredores do seu prédio – faleceu a 27.07.1872, e aí viveu alguns anos, pois comprou estes terrenos aos poucos, ou seja: em 1869, comprou os lotes 6, 8 e 10 (você não mora neles, nem mesmo ali está o edifíco 44), à Inácio Gomes Cardia. Os lotes 12, 14, 16 e 18 – opps, você, Marilena, mora no lote 14, ele comprou em 1859, de Alexandre Lallemant.
Agora sim, chegamos no seu edifício, ou seja, o número 44 está em terras do diplomata Frederich August Alexander Avé Lallemant, nascido a 25.02.1815, em Luebeck, Alemanha. Chegou ao Rio, em 1839, onde foi consul de Luebeck. Foi proprietário da chácara onde se encontra o “seu prédio” e, após a venda da mesma, para o Conde de São Mamede, adquiriu propriedade em Petrópolis, onde faleceu a 02.12.1868.
Mas recuemos, um pouco mais. O consul Lallemant comprou esta propriedade dos herdeiros de Ana Matilde de Sá, que ainda era viva em 1834, cuja chácara era bem maior do que todas que vimos até agora, e já era proprietária em 1823.
Finalmente, temos como seu mais antigo anfitrião, Manuel da Cunha Neves, antigo proprietário de terras no Cosme Velho, homem do século XVIII, e tio de Ana Matilde de Sá, que dele herdou estas propriedades, entre elas, a que hoje está o edifício número 44, da Rua Cosme Velho.
Boa viagem, e dê lembranças ao Cunha Neves, que deve estar na portaria do prédio, reinvidicando a sua velha casa, de pau-a-pique, ou de pedra, que derrubaram.
Cau Barata
Excelente!
ResponderExcluirUma observação. O antigo número 10 da Rua Cosme Velho - onde hoje está o Col. Sion - pertenceu ao Comendador Fortunato de Freitas Castro e após 1892 à sua filha Thereza de Castro Carvalho e Antonio Ferreira de Carvalho (vinhos do Porto ...) ; que após doação ao Colégio mudaram para a Rua Pereira da Silva onde construíram diversas casas; ainda hoje uma destas está no original, onde está a Casa de Leitura da Biblioteca Nacional, Rua Pereira da Silva 86 (note a inspiração no Petit Trianon).
Outra dica interessante, o Comendador Fortunato e Bernardino Ribeiro de Freitas (dono da casa de onde Tualmente esta a Casa de Rui Barbosa) construíram na cidade de Fafe em Portugal o Hospital São José, réplica do Hospital da Beneficiência Portuguesa do Rio de Janeiro.